segunda-feira, 24 de março de 2008

Com o dedo na consciência

Da mesma forma com que sonho em ser feliz, tanto pessoal quanto profissionalmente, também costumo colocar o dedo na consciência e pensar o que tenho feito para realizar tal façanha. Com um passado conturbado e com o coração repleto de emoções paradoxais, sempre me lembro dos amigos e da família, estejam eles perto ou distantes. A cada dia que se passa, uma característica a mais é reforçada nessa personalidade ainda longe de uma definição precisa. A cada momento, torna-se mais evidente a distância entre o Querer e o Poder. Mas o grande problema de estar ciente da separação desses dois verbos é o medo de uma decepção. Quando se fala em decepção, pouco importa se ela atingirá apenas a mim. O x da questão está justamente na possibilidade de uma "metástase" iminente. Aí sim, outros podem ser afetados por esse mal. No entanto, ao pensar em tudo isso, quando se está à beira de um surto psicótico, é preciso recordar também dos momentos de discontração, das declarações de amor escancaradas e daquelas que por algum motivo se mantiveram reprimidas. Essas lembranças costumam ser uma verdadeira massagem no ego. Mesmo assim, aquela desconfiança latente ainda persiste. Como não imaginar aqueles puxões de orelha que deveriam terem sido dados e que, entretanto, não se manifestaram? Nessas horas, são deles que sentimos falta. Ou melhor, são deles que queremos sentir a presença, pois como podemos sentir falta daquilo que nunca tivemos? Será mesmo esse caminho incerto e sinuoso que me leverá aonde tanto desejo chegar? E essas linhas desconexas que me arrisco a escrever, será que existe algum sentido nisso tudo? As perguntas são diversas, mas as respostas nem tanto. Talvez porque muitas dessas indagações não mereçam ser respondidas, já que a dúvida parece ser um requisito básico de todos aqueles que guardam consigo pelo menos uma certeza: a de que somos seres humanos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Simples e Total

Esses dias andei conversando com uma amiga a respeito do conceito de amizade que as pessoas costumam guardar para si. Tem aqueles que pensam que ser amigo é se falar frequentemente, pelo menos uma vez ao dia, ainda que não haja um assunto sequer para tratar. Penso que esse tipo de atitude se aproxima muito mais da banalização de um sentimento que significa muito mais do que um simples bate-papo.
A verdadeira amizade é aquela que permanece intensa mesmo tendo transcorrido o tempo que for sem que os amigos trocassem uma mísera palavra. Além disso, é possível creditar uma verdadeira relação de amizade se atentando aos pequenos detalhes, aos mais simples olhares e ao mais importante: à falta da pessoa querida nos momentos mais especiais.
A partir daí, temos cada vez mais ciência da presença marcante de alguém em nossas vidas. Por isso, como não reconhecer a grandiosidade de pequenos atos, como a ligação rotineira que recebo às 7:30, ainda que a cobrar, logo ao chegar à faculdade? Isso não há preço que pague! E assim eu e minha amiga com quem iniciei essa conversa concluímos (sim, concluí! Não foi uma consideração final) que a amizade é um gigante adormecido dentro de nós que, logo ao acordar, exibe de imediato toda sua imponência.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um mal nada necessário

Tornou-se hábito, pelo menos entre grande parte dos estudantes do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG), chegar à faculdade às 7h, comer um salgado frito e tomar uma lata de Coca-Cola. Aparentemente, não há nenhum problema em relação a esse novo costume. Exames médicos de rotina, quando são realizados por essas pessoas, não atestam imediatamente um mal que precisa ser sanado. Trata-se de uma doença crônica, cujo tratamento adequado começa numa atitude simples, porém ignorada por muitos: a conscientização.
No Brasil, cerca de 17 milhões de adultos sofrem de obesidade. Geralmente, essa triste estatística se dá pela combinação nada saudável entre má alimentação e sedentarismo. Os homens lideram o ranking, sendo mais da metade da população masculina do país afetada pelo excesso de peso. As mulheres correspondem a 38% do total de obesos no Brasil.
Ultimamente, tem se tornado uma tarefa exaustiva, e até mesmo inexequível por grande parte da população brasileira, incluir hábitos saudáveis na sua rotina diária. Outra surpresa já comprovada por estudiosos é que o Rio de Janeiro concentra o maior número de obesos do país. Certamente, quem se acostumou com aquela imagem estereotipada da Cidade Maravilhosa, em que corpos esculturais desfilam a todo momento pela orla marítima, levaram um choque ao conhecer essa nova realidade.
Muitas pessoas, inclusive, sequer sabem se sofrem de obesidade. Para tomar conhecimento desse dado, basta calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), que consiste na divisão do peso pela altura ao quadrado (IMC = peso / altura²). Se o resultado obtido estiver entre 25 e 29, a pessoa é considerada obesa.
A justificativa para uma possível acomodação por parte dos brasileiros e consequente inserção no quadro de obesos pode ser, por exemplo, textos que circulam na internet afirmando que ser sedentário faz bem à saúde. Figuras de renome escrevem falácias desse tipo, como Arnaldo Jabor*. Existe um texto do jornalista defendendo a todo custo o “cultivo” da famosa “barriguinha”. Para reforçar a idéia, ele ainda exemplifica a sua tese citando celebridades brasileiras que chegaram aos 90 anos sem nunca ter praticado exercícios físicos.
Enquanto informações desse tipo forem dignas de crédito por parte daqueles que sofrem de obesidade, a tendência é que as estatísticas nacionais sobre o excesso de peso cresçam a cada dia. É preciso que pelo menos o primeiro passo seja dado, e a conscientização seja o princípio norteador da cura para esse mal crônico que já criou raízes não só no Brasil, mas no mundo.
*Na internet, pode ser que alguém tenha agido de má fé e assinado o nome do jornalista sem que ele realmente tenha escrito o texto. É só uma ponderação da qual precisamos estar cientes.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O último sentimento

Cinco de outubro. Hoje esse exemplo de avó, mãe, tia, madrinha e mulher completa 78 anos. Cada fio de cabelo branco que enfeita a cabeça dessa figura memorável esconde no seu comprimento o peso de uma vida inteira de risos e choros. Essa guerreira, que desbravou épocas e derrubou estereótipos arraigados na cultura de um tempo em que poucos pensavam em questionar os paradigmas vigentes, hoje, olha para trás e vê o rastro exemplar que configura o seu caminho. Certamente, essa é uma sensação inimaginável.


Atualmente, Dona Marta mora sozinha. Seu marido faleceu há nove anos. Seus seis filhos seguiram trajetórias independentes e apenas nos feriados Dona Marta é agraciada com a presença de todos em casa. Seus dez netos completam o orgulho e a satisfação em reunir a família inteira. Nessa data, não poderia ser diferente. A anfitriã está com a casa cheia. Apenas um neto estava ausente naquele dia. Por estudar e trabalhar fora, tornou-se impossível se juntar ao grupo.

Aquele dia, considerado por Dona Marta o mais feliz de sua vida, começou de forma intensa. Às seis da manhã a aniversariante já havia levantado e a água do café já começara ferver. Os filhos foram levantando aos poucos, sendo que às oito da manhã todos já estavam de pé. Cada um se incumbiu de comprar algo no mercado para incrementar a festa de logo mais. Os netos, às nove e meia da manhã, saíram para brincar no clube. Novamente, Dona Marta estava sozinha em casa. Os telefonemas começaram a chegar cedo. Telegramas também foram muitos. Entretanto, uma ligação era aguardada de modo especial: a do neto que não pôde chegar a tempo de festejar com os demais.

A 380 km de distância, Júlio, às nove e quarenta e cinco da manhã, pegou o telefone para felicitar a avó que tanto estimava. Dona Marta, naquele momento, tratava das galinhas que criava no seu imenso quintal. Ao ouvir o telefone tocar, saiu em disparada a fim de não perder a ligação que chegava. O que ela não contava no meio de seu caminho era com um tapete escorregadio posicionado bem antes da escada que dava acesso à sala onde ficava o telefone. Bastou que Dona Marta pisasse naquele pedaço de pano com o mínimo de pressa para que seu pescoço fosse imediatamente de encontro à quina da escada de apenas quatro degraus. Não houve tempo nem para agonizar. Foi um acidente fatal.

Às dez da manhã, dois dos seus seis filhos chegaram em casa e se depararam com aquela cena deprimente. Não havia mais o que fazer. Às duas da tarde teve início o velório. Júlio recebeu a ligação dos seus pais por volta de meio dia e veio rapidamente para a sua cidade natal. Em meio àquele clima de tristeza profunda, o neto inconformado ainda buscava explicações sobre como aquela tragédia poderia ter acontecido. Seu pai, em estado de choque, lhe explicou minuciosamente todo o ocorrido. O enterro seria às seis da tarde. Júlio se recusou a ir, alegando que precisava ficar em casa para refletir.

A família, quase completa, em pleno estado de luto caminhou laboriosamente até o cemitério. Foi uma despedida dolorosa, que parentes e amigos jamais esqueceriam. No entanto, os contratempos daquele dia ainda não haviam terminado. Quando todos chegaram em casa, se depararam com mais uma surpresa, diga-se de passagem, nem um pouco satisfatória. Júlio havia se suicidado e deixado bem ao lado do telefone um bilhete com o seguinte escrito: remorso.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Temos que rir!


Li uma entrevista da Clarah Averbuck num site. Sobre as respostas prefiro não emitir juízo de valor. Quem quiser conferir, o link é http://www.osarmenios.com.br/?p=2198
O que achei interessante, a ponto de destacar no meu blog, foi o comentário infeliz de uma garota a respeito da entrevista. Não preciso nem continuar a zuar, pois o comentário que postaram em seguida já fala por mim.

Clarah é simplesmente GENIAL!escreve o que quer, sem se preocupar com o que os outros vão falar, achar. se importar!os textos dela é FODA!em grande parte fala por mim, algumas coisas tem sentido só pra ela, mais basta.
Os livros são muito bom, vale a pena ler. é viciante!
Adoreeeiiii!
25/10/2007 09:06 por
Ferziinhah

Ferziiinhah analfa!
25/10/2007 10:53 por
Eskarina

domingo, 21 de outubro de 2007

Reflexão

As críticas realmente são inevitáveis. Agora, aceitar críticas é diferente de tolerar escárnios. A partir do momento em que se produz um texto, ele não pertence somente ao autor; pertence a qualquer um, inclusive a quem possivelmente o conteste. Ao contrário do que se pensa, a abertura para sugestões e julgamentos às minhas produções sempre foi uma constante no meu dia-a-dia. Entretanto, dizer que um olhar foi interpretado com proporções gigantescas e errôneas é um dado que não procede. Esta forma de manifestação tem o poder de se exprimir na medida exata, nem mais nem menos. Portanto, se algo foi dito simbolicamente sem a intenção de atingir tamanha proporção é porque assim pensava o seu emissor. Isso pra mim é indiscutível: o olhar não engana. Como eu mesmo já disse, pra viver às vezes eu finjo, pra escrever isso já não é possível. Talvez, por isso, um certo narcisismo acrescido de um senso de perfeição possa ter soado como uma verdade a meu respeito. Isso também, confesso, não passa de um sofisma. A cada dia que passa tomo mais ciência daquilo que desconheço. Já cansei de bater com a cabeça no limite do estreito cerco de conhecimento que possuo. Logo, se em algumas ocasiões me considero acima do bem e do mau, é apenas uma forma de maquiar o complexo de irracionalidade que toma conta de mim na maior parte do tempo. Bom, só me esforcei para escrever isso aqui porque me senti na obrigação de dar um parecer a respeito do acontecido. No entanto, não acredito que cheguemos a um consenso em relação às nossas opiniões. Só acredito em um descanso profundo desse clima tenso que passou a permear o nosso cotidiano. Bandeira branca a partir de agora!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Realmente D-I-F-Í-C-I-L

Difícil? É, talvez. Tanta coisa pode receber este adjetivo, por que não nós mesmos sermos classificados como tal? Ao invés de ver isso como algo insólito, vejo com naturalidade. O que não vejo como natural é um olhar sarcástico carregado de juízo de valor que por si só já diz o suficiente. Pior ainda é quando esse olhar parte de alguém especial. Outra coisa que não vejo como natural é um comentário aparentemente inocente, mas que traz consigo um desdém descomunal. Coisas assim costumam ser imperceptíveis num primeiro momento. Entretanto, sob olhar atento, é possível perceber a real dimensão daquilo que é dito, ou até mesmo daquilo que não é dito. Isso é verdade, acreditem. Um olhar acurado não proporciona somente boas fotos. Ele nos permite muito mais do que isso. Através dele, é possível enxergar pela janela da alma e, então, a visão que se tem pode não ser muito agradável. Portanto, se algo parece incompreensível à primeira vista, atribua-lhe significados próprios. Busque atalhos, trilhas ou até mesmo estradas no interior das narrativas ao invés de ironizar pelos cantos um trabalho que para alguém em algum lugar possa ter um valor maior. E, se ainda assim essa estratégia não funcionar, partamos para um diálogo franco e aberto, sem metáforas ou omissões. Essa sim pode ser uma maneira de tornar a vida um pouco mais fácil, já que o adjetivo DIFÍCIL costuma causar um pouco de incômodo àqueles que tanto o ironizam.